Oscar Motomura

About
OSCAR MOTOMURA is the founder and CEO of Amana-Key, one of the world’s most innovative firms specialized in management, strategy and leadership of complex private and public organizations.

As a multifunctional executive with over 30 years’ experience in leading highly complex projects, Motomura is considered to be one of the most creative strategy experts in Brazil. The term “impossible equations”, coined by Motomura, sums up the focus of his work – highly challenging situations for which there seems to be no solution. He says: “The more difficult an equation, the more attractive it is as it requires ‘radical creativity’, the discovery of new pathways and solutions never tried before.”

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In Motomura’s view, the “impossible” should be perceived as something not yet feasible due either to real limitations and barriers or to cultural/imaginary limitations shaped by people’s mental models. According to him, the key role of a strategy is to make the impossible possible given that making the feasible possible requires no creativity or skill whatsoever.

Motomura has provided consulting services to large Brazilian and multinational companies as well as government institutions, especially in projects of preparation for the future through “cultural reeducation” programs for senior management teams.

Motomura is well known for his charisma and unique style in facilitating large educational events and mediating open debates on controversial and complex issues. His multidisciplinary background, creativity and systemic vision are critical for the successful facilitation of difficult dialogues among leaders with different mindsets.

As well as being the CEO of Amana -Key, Motomura is an active Brazilian and world citizen having created several “pro bono” projects over the past few decades, such as the movements “Strategy for the Country”, “Conscious Voters”, “Youth Project” (to help youngsters to choose their careers), “PGE – Entrepreneurial Management Program” (for university students), “Movement for Ethics”, and several other social responsibility and sustainability related programs 

As Amana-Key’s main shareholder, Motomura has ensured that all financial results from the company operations are reinvested in the long- term evolution of the organization and its contributions for the common good.

Motomura was also a member of the Earth Charter International Council from 2006 to 2019 (the latter 5 years he served as Co-Chairman). He was also the president of the jury of the UNESCO-Japan Award Education for Sustainable Development Prize.

Sobre
OSCAR MOTOMURA é o fundador e principal executivo da Amana-Key, uma das organizações mais especializadas do mundo na área de gestão, estratégia e liderança de organizações complexas dos setores empresarial e governamental, e da sociedade civil.

Executivo multidisciplinar, com uma experiência de mais de trinta anos na liderança de projetos de alta complexidade, Motomura é considerado um dos mais criativos especialistas em estratégia do país. A expressão “equações impossíveis”, cunhada por ele, resume muito bem o foco de seu trabalho: situações altamente desafiadoras e aparentemente sem solução.

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Segundo costuma dizer, “quanto mais difícil uma equação mais atraente ela é, porque exige ‘criatividade radical’, a descoberta de caminhos inéditos e soluções jamais testadas antes”.

Na visão de Motomura, o “impossível” deve ser encarado como algo ainda não viabilizado devido a limitações e barreiras reais de difícil superação ou culturais/imaginárias “fabricadas” pelo mental das pessoas. Em sua definição, o papel essencial da estratégia é viabilizar o impossível, visto que viabilizar “o que já é viável” não requer criatividade nem competência.

Motomura vem trabalhando em consultoria a grandes empresas nacionais e multinacionais e também a organizações governamentais, especialmente em projetos de reinvenção estratégica e preparação para o futuro por meio de atualização/reeducação cultural de seus líderes. 

É conhecido pelo seu carisma e estilo único na condução de eventos educacionais de grande porte e na mediação de debates abertos sobre temas complexos e polêmicos. Sua formação multidisciplinar, criatividade e visão sistêmica são fundamentais para a facilitação de diálogos, mesmo os mais robustos, com líderes de diferentes setores.

Além de CEO da Amana-Key, Motomura é um cidadão ativo do país e do mundo, tendo criado várias iniciativas “pro bono” ao longo das últimas décadas, como os movimentos “Estratégia de País”, “Eleitores Conscientes”, “Projeto Jovens” (sobre carreiras do futuro), “PGE – Programa de Gestão Empreendedora” (para jovens universitários), “Movimento Ética de Si” e outros na área de responsabilidade social e sustentabilidade.

Como principal acionista da Amana-Key, vem fazendo com que todos os resultados gerados pela empresa sejam reinvestidos na evolução da própria organização e aplicados em projetos ligados à evolução do todo maior, sempre visando o bem comum.

Motomura foi também, de 2006 a 2019, membro do Conselho Internacional da Carta da Terra (nos últimos cinco anos como Co-Chairman). Foi também presidente do Juri do Prêmio UNESCO-Japão (educação para desenvolvimento sustentável) no período 2015 – 2019.

Entrevista

Esta entrevista foi produzida a partir de centenas de perguntas que recebi de Apegeanos, executivas e executivos que participaram do programa de desenvolvimento APG Amana-Key ao longo de seus 30 anos de existência. As perguntas foram formuladas de forma bastante livre, durante o início do ano de 2022. As questões recebidas foram agrupadas nos dez conjuntos a seguir.

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P. Qual a sua formação? Como você desenvolveu sua multidisciplinaridade? E sua “criatividade radical” e sua competência de resolver o que você chama de “equações impossíveis”? Você vem atuando na área de sua vocação? Quando e como descobriu sua vocação? Na sua infância, brincava de quê? Sente-se feliz fazendo o que você faz hoje? A propósito, não é fácil descobrir o que você faz: pode definir de forma simples?

OM: Fiz administração de empresas na Getúlio Vargas, na década de 60, e mais tarde nos anos 80, fiz mestrado em psicologia social, na USP. Mas como costumo dizer para os jovens que estão escolhendo a faculdade, o curso formal vai lhe dar menos do que 10% do que você vai precisar para se realizar no futuro. Nossa evolução virá de vivências, experiências reais e processos de autodesenvolvimento. Minha multidisciplinaridade vem de levar a sério os estudos desde criança, de trabalhar desde muito cedo – comecei aos 16 anos – da exploração de áreas inéditas (fui fazer especialização em gestão de tecnologia no exterior, por exemplo) e do contato intenso com mais de 100 especialistas mundiais (sempre os melhores em seus setores, inclusive vários com Prêmio Nobel) nos eventos que criei no Brasil, a partir dos anos 80. Nesses contatos com especialistas como Edgar Schein, o papa da cultura organizacional, Warren Bennis, o papa da liderança, Peter Drucker, o papa da gestão do século 20 e seu sucessor, Gary Hamel, Marvin Minsky, o papa da inteligência artificial, Paul Krugman, Nobel de economia, Arno Penzias, Nobel de física, sempre busquei uma relação de igual para igual, até catalisando diálogos robustos. E assim foi com especialistas como Fritjof Capra, Dee Hock, Hazel Henderson, Amory Lovins, William Ury, Hirotaka Takeuchi, Barbara Toffler, Jean Houston, Margaret Wheatley, Nitin Nohria, Alan Webber, Michel Sandel, entre muitos outros. O mesmo aconteceu com os principais futuristas do mundo como John Naisbitt, Alvin Toffler e Bill Davidson. Cresci muito em cada um desses contatos e espero ter deixado contribuições valiosas para cada um deles. Em um certo sentido, criei um processo único de autodesenvolvimento, com os melhores do mundo. Ao mesmo tempo, fui formando uma rede única de amigos e parceiros em todos os continentes. Minha formação 360 graus vem daí… Essa multidisciplinaridade tem sido fundamental em meu trabalho, especialmente em projetos de reinvenção de grandes organizações da área pública e privada e na “viabilização do impossível”, ou seja em processos de criação de soluções inéditas para problemas altamente complexos que as organizações enfrentam.

Sim. A multidisciplinaridade é algo muito relevante em minha vida, mas acredito que há algo essencial, de raiz aqui… É minha vocação. Sempre gostei muito de resolver problemas, algo que sempre esteve comigo mas que só descobri aos 7 anos de idade, nos primeiros dias de escola. Fiquei fascinado por resolução de problemas em todas as disciplinas. Além disso, fui uma criança que brincou de pipa, carrinho de rolimã, futebol na rua todos os dias, mas que adorava quebra-cabeças de todo tipo. Algo que mais tarde, aparece no interesse pelos livros de Sherlock Holmes e outros livros de resolução de casos aparentemente insolúveis. Atribuo a essa vocação de resolver problemas a conquista de meu primeiro emprego e a rapidez da carreira que fiz na multinacional da área financeira, onde trabalhei durante 12 anos, antes de iniciar a Amana-Key. Acredito que estou na área de minha vocação, de facilitar grupos humanos a resolver problemas crônicos e “equações impossíveis”. E, no processo, ajudar a encontrar caminhos para curar os “sistemas doentes” que prejudicam a evolução da humanidade e de todos os seres vivos. Agradeço todos os dias as oportunidades que tive e tenho de, dessa maneira, fazer a diferença e dar sentido à minha vida. Sinto-me feliz  por viabilizar a felicidade de outros, pela busca do bem comum. De forma simples, é o que faço. Busco ajudar pessoas, organizações e a própria sociedade a evoluírem em contextos cada vez mais desafiadores que o futuro está trazendo. Sempre através de inovações radicalmente criativas nas áreas de gestão, estratégia e liderança.

P. Sente-se mais feliz no que faz profissionalmente, pessoalmente ou como cidadão engajado? Aliás, o que você faz em sua vida pessoal? Como é sua família? E como cidadão? O que vem fazendo? Como consegue dar equilíbrio e ser eficaz em tudo que vive, nestes tempos em que o tempo parece ficar cada vez mais curto? Além da complexidade de sua vida atual, você continua a inovar na direção do futuro – esse desconhecido…Onde arranja tempo para tudo isso? Parece que você nunca irá se aposentar. Mas se fizesse isso, ocuparia seu tempo em quê?

OM. Sinto-me feliz por poder atuar em todas as frentes, como ser humano, como profissional e cidadão, sem alienação de qualquer tipo. Sou feliz com a família que tenho: 3 filhos – duas filhas e um filho – 5 netos, e até uma bisneta. Tenho um irmã que é artista/pintora, uma sobrinha, e 4 sobrinhas-netas. Muitos sobrinhos-agregados por parte de minha primeira esposa, que tem 5 irmãos. E agora os agregados de minha segunda esposa. Como cidadão, atuo para a melhoria da educação no país (o “Projeto Jovens da Amana-Key”, voltado a orientar adolescentes sobre escolha profissional,  já tem mais de 30 anos), trabalho a questão da sustentabilidade há décadas, lancei vários movimentos para o resgate da ética e de valores no país, venho provocando o país na direção da criação de “estratégias de país” e mais recentemente em relação a um posicionamento do Brasil em prol do bem-estar da humanidade como um todo. Fui, de 2005 a 2019, membro do Conselho Internacional da Carta da Terra – nos últimos 5 anos como seu co-chairman – e atuei entre 2014 e 2019 como presidente do Juri do Prêmio Japão-UNESCO sobre educação para o desenvolvimento sustentável. Sempre dei muita atenção à “gestão do tempo” e usei minha capacidade de resolver problemas na conciliação de minhas atividades pessoais/familiares, profissionais e como cidadão. Graças a soluções “diferentes” (por exemplo, durante anos levei meus filhos junto em minhas viagens de negócio para o exterior), venho conseguindo tocar tudo à frente razoavelmente bem. Tenho ainda muitos planos para o futuro. A internacionalização de nossos programas sobre liderança transformadora é minha próxima prioridade. Estamos desencadeando a quinta reinvenção da Amana-Key. “Aposentadoria” não está em meu vocabulário. Tenho cuidado cada vez melhor de meu estado físico, mental, emocional e espiritual para continuar a ajudar o mundo em tudo que posso ainda por muito tempo. Minha visão é que, centenário, devo estar produzindo muito ainda…

P. Você é conhecido também pelo destaque que vem dando há décadas ao resgate da ética e valores não só nas organizações, como também na sociedade como um todo. Como os seus valores foram desenvolvidos? É algo que vem de sua formação familiar? Ou isso foi se formando a partir de sua experiência de vida? Qual a sua religião? Como vê a questão da espiritualidade e sua conexão com valores?

OM. Meus valores têm origem em minha família. Agradeço sempre o fato de ter nascido em uma família bem estruturada, em uma vizinhança onde vi muita solidariedade e ajuda mútua. Agradeço porque é muito grande, na sociedade em que vivemos, a quantidade de crianças sem pais, sem família, que crescem nas ruas, totalmente vulneráveis. Tive uma infância em que nunca duvidei do amor que unia minha família. Meus pais me educaram com base em valores, especialmente em ajudar quem precisa, dividir e não ser egoísta, não mentir, não falar palavrões, não xingar outros, valorizar a bondade, respeitar as pessoas, ser gentil, agradecer, dar bom dia… Muitos pais fazem isso. Mas o jeito de passar esses valores varia muito. Em casa, era, por exemplo, pela conversa e muitas histórias. Nunca por pressão e castigo, punições. Depois veio a religião. Minha mãe era budista da linha japonesa. Meu pai era católico. Fui encaminhado para o catolicismo: aulas de catecismo, primeira comunhão, missa aos domingos e até crisma/confirmação perto dos 13 anos. Foi também aos 13 anos que vi o sofrimento que a morte traz à família. Veio a morte de meu irmão, de 16 anos de idade, por meningite. Foi quando vi que profissionais erram. Meu irmão faleceu por causa de diagnóstico errado e tratamento tardio. Acho que foi nessa época que me tornei adulto, mais cedo que o normal. Passei, aos 13 anos, a me preocupar com meus pais, especialmente a minha mãe. Passei a cuidar dela, em seu sofrimento por perder um filho. Talvez pelo contato com a morte de alguém muito próximo, tão cedo, comecei a pensar sobre o que tinha aprendido na religião sobre a vida, que é eterna, sobre renascimento. Meu pai tinha o livro do Alan Kardec, o Livro dos Espíritos, e li o livro livre de preconceitos e do sectarismo que separa as religiões. Foi isso que me abriu, mais tarde, já adulto, para uma pesquisa consciente sobre a história das religiões. Essa abertura para as diferentes religiões me fez refletir sobre a essência de todas elas, a espiritualidade, as leis universais e da Natureza, que transcendem a moral e os sistemas de prescrições que seres humanos falíveis criam, em processos muitas vezes doentes. Mas, muito cedo também vi como as próprias autoridades maiores das diferentes religiões são seres vulneráveis e sujeitos a distorções que os sistemas políticos e econômicos à nossa volta estão criando continuamente. E obviamente vi essas distorções muito presentes na vida organizacional, quando comecei a trabalhar. Durante a minha jornada na vida, ajudando organizações a resolverem equações impossíveis, vi muitos problemas causados por corrupção de valores e visões distorcidas da realidade. E todo esse quadro foi ficando cada vez mais amplo ao ver o que acontece no mundo: sistemas doentes que levam a problemas de sustentabilidade, desigualdades, violência e até guerras entre irmãos. É por tudo isso que tenho dado uma importância bastante grande ao resgate de valores e da ética na sociedade, num mundo em que tudo gira em torno do econômico. Até que ponto estamos conscientes de que “sem ética, não é possível otimizar a economia…?”   

P. Qual o seu propósito de vida, como pessoa? Qual o propósito de sua organização, a Amana-Key? Eles estão alinhados? Como você conecta propósito e legado para o futuro, para as futuras gerações? Depois de mais de 40 anos de “carreira” à frente da Amana-Key, você já se sente realizado, com tantos líderes que passaram pelos seus programas? Ou sente que ainda há muito a contribuir? Você já tem sucessores formados?

OM. Meu propósito é de sempre expressar o que há de melhor em mim em cada momento de minha vida, em tudo que penso e faço, na vida pessoal e profissional. E como cidadão do país e do mundo.  Nas partes de minha vida em que escolho atuar, busco elevar o nível de consciência dos campos de gestão, estratégia e liderança em organizações e na sociedade como um todo. E busco atuar junto a líderes de hoje e do futuro, por serem multiplicadores naturais. Em outras partes em que a própria Vida me escolhe – coisas muitas vezes surpreendentes que chegam a você – simplesmente “surfo” junto a elas, deixando fluir meus valores e dando o melhor sentido possível às minhas contribuições. Contribuições que honrem a Vida, em todas as suas formas – o que leva naturalmente à integridade ecológica/sustentabilidade, justiça social e econômica e paz/ausência de todo tipo de violência.  O propósito da Amana-Key que é expresso no moto “inovações radicais em gestão por um futuro melhor para todos” tem tudo a ver. A única coisa diferente é que a Amana busca ajudar líderes por meio de uma gestão, estratégia e liderança iluminadora, transformadora. Por meu propósito pessoal posso atuar em qualquer dimensão da vida e chegar diretamente ao ser humano, transcendendo as organizações, países, cidades, comunidades. Mas, é claro, buscamos consistência nos diversos tipos atuação possíveis, seja na dimensão organizacional ou pessoal. Dessa consistência deriva, naturalmente, o legado que ficará para as futuras gerações. Nosso propósito conta com multiplicação, também natural: lideres conscientes que ajudam outros líderes, as pessoas de suas equipes, seus clientes, seus filhos, amigos, as pessoas de seu círculo. Nesse sentido, sinto que já deixamos um legado muito positivo para as futuras gerações, não só através do APG e programas derivados (mais de 100 mil potenciais multiplicadores), mas também por meio do Projeto Jovens, dos eventos internacionais, dos milhares de artigos escritos. Como legado adicional e para assegurar continuidade dessas contribuições por muito tempo ainda, temos já pronto o APG Perene, que está gravado e legendado em espanhol e inglês. Seu conteúdo foi criado para não ficar datado, não se tornar  superado. O APG Perene poderá ser mostrado décadas à frente e ainda fará muita diferença. Daí a ideia de “perene”. Nos projetos como esse que estamos criando em nossa quinta reinvenção é que estará nosso legado adicional/futuro. E também a minha sucessão. Na verdade, costumo dizer que tenho vários “cargos” aqui na Amana-Key. O de CEO. O de criador de programas e vivências transformadoras e de sua contínua atualização. O de facilitador/mediador/coordenador dessas vivências. E assim por diante. Para cada cargo há várias soluções de “sucessão”. Todas elas focadas na essência a preservar e não na forma. Todas as soluções de sucessão previstas serão  muito diferentes daquelas tradicionais (hierárquicas, piramidais) que ainda prevalecem no mundo organizacional. Afinal, estamos (eu e a Amana) o tempo todo criando inovações de raiz para o todo ao nosso redor. Não seria natural que o desafio de minha sucessão venha a ser resolvido de forma radicalmente diferente? Aguardem…

P. Por que você ainda não publicou livros? Muitos artigos, prefácios de livros de terceiros, mas não um livro seu. Por outro lado, você até já andou comentando que sua próxima carreira seria a de escritor de livros infantis. Pode nos falar sobre como estão seus planos nesse tópico? Pelo jeito, há muita gente esperando por seus livros…

OM. Só agora me sinto preparado para escrever livros. Seja para adultos ou crianças. Sempre me senti em contínua evolução. Em mudança o tempo todo. Em transformação. Foi por isso que fiquei concentrado em artigos curtos, que refletem o que penso no momento em que escrevo. O que produzi nestas décadas de atuação não é pouco. Durante um período de oito anos a Amana-Key manteve uma área editorial com diversas publicações adquiridas por subscrição por organizações e líderes. Toda essa produção editorial foi posteriormente consolidada em uma coletânea em formato eletrônico, que acumula mais de 2.300 páginas. No total são mais de 1.300 artigos próprios sobre gestão, liderança e estratégia, antecipando tendências e compartilhando ferramentas de uso prático.  De vez em quando, brinco com tudo isso. Tudo que já publiquei poderia render vários doutorados… Tudo que coloquei em prática junto a organizações e à sociedade renderiam tantos outros. Nessa área editorial também destacaria uma parceria de longa data entre a Amana-Key e a Editora Cultrix. Na parceria atuamos como parceiros de curadoria, sugerindo à editora autores e livros portadores de futuro, de grande impacto e repercussão. Publicamos 26 obras nessa parceria. Além disso escrevi o prefácio de mais de metade dos títulos em sua tradução para o português.

Mas o livro vai acontecer. Na verdade, tenho que colocar isso no plural. Serão vários livros. Todos eles com temas perenes. Talvez um por ano, a partir de agora. E isso faz parte da quinta reinvenção ora em andamento. Uma reinvenção que acontece em conjunto com Amana-Key. Por isso, os livros serão sobre liderança. Talvez na sexta reinvenção, eu esteja caminhando mais solo, até como um escritor independente, que não só escreve livros para líderes, como também para crianças. Talvez esteja escrevendo livros na área de ficção, e até criando roteiros para o cinema. Vou talvez fluir muito livre nessa direção. Ou não… Estarei fluindo, surfando nas ondas de transformação, como sempre fiz. Mas agora mais livre. Sem o mandato de ficar nas áreas que foram minha especialidade na primeira parte de minha vida.

P. Você tem atuado, não só no Brasil, mas internacionalmente, nas última décadas. Essa atuação faz parte de um plano seu? Ou é algo natural, “biológico” como você costuma dizer? Tem a ver com o fato de ter trazido muitos experts mundiais para o Brasil? Está relacionado com o atual processo de internacionalização dos seus programas?

OM. Sinto que estou sendo desenvolvido há muito tempo para atuar globalmente e não ficar restrito a uma atuação local. Embora localmente ainda tenha muito a fazer, o chamado para uma atuação global está ficando cada ver mais forte. Tudo começou  pelo acaso de iniciar minha carreira, no Brasil, no mundo do trabalho, ainda adolescente, num banco internacional, na época o segundo maior banco do mundo. Logo depois de formado na faculdade (sempre trabalhei e estudei ao mesmo tempo), fui designado, já como um tipo de executivo júnior, a trabalhar na matriz do banco em Nova Iorque. Depois de um ano, já de volta ao Brasil, participei de uma força-tarefa que reinventou a organização como um todo. Criei vários projetos inovadores no Brasil e, em função disso, fui convidado a ir para a Matriz, dirigir uma área de desenvolvimento de líderes para o mundo todo. Recusei a oferta porque precisava estar no Brasil, para cuidar de meus pais e porque queria continuar na área de estratégia e inovações com foco nos negócios (e não em uma área de “staff”). Fiquei nesse banco durante 12 anos, até o momento em que senti que meu caminho seria o de criar minha própria empresa. E assim nasceu a Amana-Key como uma consultoria na área de planejamento estratégico. Mais tarde, nos anos 80, dei início aos eventos internacionais, trazendo para o Brasil especialistas internacionais nas áreas de gestão, estratégia e liderança. Trouxemos mais de 100 especialistas mundiais nas décadas seguintes. Já nos anos 2000, conectei-me com a Carta da Terra, também por acaso, fui membro do seu Conselho Internacional por 12 anos, comecei a colaborar com a UNESCO, participei de sua reunião mundial, e fui do júri do Prêmio Japão-UNESCO sobre educação para o desenvolvimento sustentável.  Mais recentemente fui convidado para representar o Brasil num mega evento internacional criado pelo papa do marketing, Phillip Kotler, em 2020, que teve uma audiência de 2 milhões de pessoas em mais de 100 países. Fui convidado de novo em 2021 quando o evento chegou a mais de 40 milhões de pessoas. Dá para ver por tudo isso que o internacional esteve sempre muito presente, de forma natural, em minha vida. Creio que é nosso destino levar nossas ideias e propostas para o mundo todo. Na quinta reinvenção da Amana-Key, estamos tornando o APG um programa global.

P. Você fala muito sobre “reinvenção” de organizações e de sistemas doentes e ultrapassados ao nosso redor. Pode nos dizer o que você chama de sistemas doentes? Por que reinvenção e não só melhoria contínua do que existe? Como vocês ajudam organizações a se reinventarem? Vocês desenvolveram uma metodologia para isso? Por que as organizações têm dificuldade de fazer reinvenções por conta própria? Por que não é algo natural no processo de evoluir em direção ao futuro?

OM. Melhoria contínua todo mundo entende. Até como algo óbvio a fazer nas organizações. A necessidade de reinvenção fica mais clara quando vemos organizações da área pública e privada que insistem em “melhorar” sistemas que já estão obsoletos. Seria como tentar melhorar uma máquina de escrever antiga, em vez de reinventá-la usando softwares apropriados e até tecnologia de voz, que fariam com que a produtividade em produzir textos se torne dezenas de vezes maior do que as ultrapassadas máquinas de escrever. Melhoria contínua por um tempo e aí reinvenção. Melhoria contínua do reinventado por um tempo e outra reinvenção. Esse processo estava previsto no movimento da Qualidade Total há muito tempo. O conceito de melhoria contínua “pegou”. O da reinvenção, não… E por quê? Porque quando falamos de organizações, a melhoria continua é algo mais suave, natural.  Uma reinvenção por outro lado tende a assustar por afetar muita gente. Mexe inclusive com a estrutura de poder. Há resistências culturais. Há inclusive líderes que querem “evolução e não reinvenção”. E bloqueiam mudanças mais radicais. Reinvenção vai além de mudanças incrementais. É transformação.

Dentro da organização, talvez tudo pareça normal. No aparente. Quando a Amana se propõe a ajudar organizações a se reinventarem, é ajudando a trazer à mesa as disfunções que já estão nela presentes, e estão “invisíveis” para muitos. A reinvenção é concebida sempre em grupo. De forma bastante participativa. E não em reuniões curtas. Mas em imersão. O mais comum é parar 5 dias integrais para trabalhar de forma  transparente as disfunções e também as oportunidades que os novos contextos estão gerando. É esse o tipo de trabalho que gostamos de desenvolver, sempre em conjunto com as pessoas chave da organização. E cada caso é um caso. Facilitamos o processo de reinvenção de um jeito biológico e não mecânico/empacotado. É assim também que ajudamos a resolver as “equações impossíveis” que as organizações nos trazem – que só se resolvem por inovações radicais e verdadeiras reinvenções.

Falando em equações impossíveis, o maior desafio que temos na sociedade são os sistemas doentes que estão continuamente gerando crises e problemas de todo tipo. Um claro exemplo de sistema doente é a própria democracia representativa que não conseguem trazer para as posições de liderança na sociedade as pessoas mais sábias, conscientes e competentes. É preciso reinventar a democracia e trazê-la para mais próximo de uma democracia direta, mais participativa, usando intensamente os recursos da Internet e da tecnologia de ponta. Outro exemplo de equação que exige reinvenção está na falta de ética e valores e a doença da corrupção presente em parte significativa de nossa sociedade. Parece evidente a importância do resgate de valores e da ética em nosso país até para arrumar a nossa economia de vez. Só que para isso é preciso inserir na cultura de nossos líderes e até dos próprios economistas a premissa de que “sem ética, não é possível otimizar a economia”. Outro exemplo de sistema doente é aquele comandado por todo tipo de competição e luta por poder, espaço e recursos que vem gerando violência e guerras de toda natureza. Considero que o resgate da cooperação, solidariedade e paz é hoje a grande prioridade para a sustentação da Vida no planeta. Muitas reinvenções necessárias já hoje. Fico imaginando os desafios que o futuro ainda está por trazer e as sucessivas reinvenções que teremos que fazer acontecer – em nossas vidas pessoais, profissionais e como cidadãos…

P. De onde vem sua inspiração? Como foi o insight para a criação do APG, o Programa de Gestão Avançada da Amana-Key, que vai logo completar 30 anos? Como você consegue manter o programa atualizado todos esses anos? E o insight para criar o Projeto Jovens e outros projetos? Muitos insights durante os trabalhos de reinvenção para clientes? Sua “marca registrada” está nesse fluxo contínuo de inspiração e insights?

OM. Insights todos nós temos. Especialmente quando nossa mente está silenciosa, sem a tagarelice que caracteriza as pessoas ansiosas e estressadas. Entretanto, mesmo quando os insights aparecem, a mente pode censurar essas ideias fazendo com que a gente não vá para a ação. Em minha vida pessoal e profissional já errei muito por não ter ouvido minha intuição. E, é claro, acertei muito, como na criação do APG e de seu design. Por exemplo, trazendo arte para o programa. E “disturbando” o modo tradicional de pensar e agir com um filme, uma peça de teatro, um grupo musical. Ou com uma entrevista com alguém não seja da área de negócios e traga à mesa referenciais muito diferentes que façam os líderes “sairem da caixa”. Na dimensão da intuição e dos insights, não há receitas. É preciso honrá-los e ir refinando pela prática. Creio que com o tempo, perdi gradualmente o medo de fazer coisas diferentes, inéditas, nunca antes tentadas. O único princípio que me guia hoje é: “Esse jeito diferente de fazer as pessoas pensarem sobre os paradoxos que vivemos no mundo organizacional pode funcionar? Pode ajudar a dar um salto em evolução?” Por outro lado, aprendi muito cedo a importância da nossa capacidade de observação. Do senso de observação, de perceber o que está acontecendo à nossa volta. Por exemplo, vi muito cedo, na época que fundei a Amana, que os programas universitários eram pouco integrados (cursos isolados, um todo fragmentado) e tinham pouca conexão com a vida real. O APG nasceu para ser um curso totalmente integrado, todo costurado sistemicamente. Por outro lado, os insights não ocorrem no vazio. Muitas vezes são provocados por desafios, por problemas e equações impossíveis que são trazidos a você. No meu caso, parece que o fato de estar hoje 100% presente em cada momento de minha vida pessoal e profissional me faz observar as coisas com mais profundidade e me faz ter insights o tempo todo. É aquele filme no fim de semana que gera insights. A pergunta de minha neta que gera mais insights, que, por sua vez geram reinvenções… E assim por diante. Os insights vem. É preciso sentí-los. E honrá-los…Sem medo de ser diferente. É assim que o APG, e tudo que se faz na Amana-Key, vai evoluindo a cada dia, a cada mês, a cada rodada.

P. Você não para… Parece sempre em movimento intenso de criar, fazer acontecer, de inovar, de reinventar. De onde vem toda essa energia? O que você faz para estar jovem de espírito e sempre disposto a lidar com todos os desafios que este mundo em contínua e rápida transformação traz o tempo todo? Isso vem de cuidados com a saúde, alimentação, exercícios físicos, cuidado com a mente, emoções, o espírito?

OM. Não paro para pensar muito sobre isso. Mas simplesmente estou em contínuo processo de renovação e criação. Criação de novos módulos para o próprio APG, da reinvenção da Amana-Key, da internacionalização de nossas atividades, de escritos de todos os tipos, artigos, posts para as redes sociais, de vídeos… Estou em contínuo  movimento na direção da realização de várias visões de futuro que tenho em minha vida. Na verdade, a cada dia descubro novas formas de gerar movimento. Mas não qualquer movimento. Estou cada vez mais sensível à forma como uso o meu tempo.  Procuro não desperdiçar tempo em conversas vazias, em atividades que não têm sentido. Até na escolha de atividades de lazer, estou ficando cada vez mais exigente. Inclusive nas relações com familiares e amigos. Hoje, vejo o tempo como “vida”. Cada minuto como instante de vida…

Por outro lado, não paro para pensar sobre idade. Muito menos sobre as premissas ligadas à idade, do tipo “depois dos 40 aparecem as doenças X, Y, Z…”; depois dos 50 é preciso…”; depois dos 60 não é possível… Quando as pessoas perguntam a minha idade digo de bate-pronto: “tenho 28”. É a idade em que renasci e criei a Amana. Sinto-me com a energia que tinha na época. Só que mais competente e com mais bom senso em inúmeros sentidos. A idade cronológica nada significa para mim. É só olhar ao nosso redor. Há jovens sem pique, sem energia, o tempo todo reclamando e se queixando de tudo. Em contraste, há pessoas de idade em excelente estado físico, mental, emocional e espiritual. Pessoas que têm uma ‘idade biológica”, uma “idade mental” de alguém muito jovem. Muitas pessoas se identificam com o corpo, creem que são um corpo. Outras pessoas se veem como espírito, uma energia que nunca morre, um ser grandioso, um fractal de Deus. Ao se verem desta forma, parece que a “idade cronológica” passa a ter um significado “diferente”, que por sua vez, afeta como nos sentimos em nosso dia a dia. E é claro que existem muitos fatores mais objetivos que definem nosso bem estar geral. Em termos de hábitos saudáveis, tenho muito a agradecer – a muitas pessoas e ao Universo. Na área de nutrição, agradeço à minha mãe, que conseguiu trazer para os filhos o melhor da cozinha ocidental e oriental. Agradeço também o fato de nunca ter tido contato com drogas lícitas ou ilícitas. Não fumo e não bebo álcool. Pratiquei vários tipos de esportes quando jovem – diferentes artes marciais, futebol de salão, tênis de mesa, embora nunca em alta intensidade, porque sempre trabalhei e estudei simultaneamente. Mas por estar sempre em intenso movimento, me acostumei com longos dias de atividade. Agradeço também o fato de que sempre dormi bem, 7 a 8 horas diárias e ainda uma breve soneca depois do almoço. Faço exercícios com regularidade, mas é uma área na qual preciso melhorar. Estou em boa forma e meu peso é o mesmo há décadas. É claro que não consigo jogar futebol como quando era adolescente. Mas posso jogar tênis de mesa muito melhor que muitos jovens. Especialmente em épocas que consigo praticar esse esporte com regularidade. Sempre estive consciente de que é preciso cuidar de nosso corpo físico também.  E aprendi muito com erros e acertos. Essa é uma área que nem sempre conseguimos praticar tudo o que a gente sabe. Ao longo de minha vida, já fiquei doente por excesso de trabalho. E aprendi muito com esses momentos de parada obrigatória. Especialmente sobre a importância do equilíbrio em nossa vida. No taoísmo se diz que “o corpo é o templo do espírito”. Nesta quinta reinvenção que está em processo em minha vida, sinto que vou mudar a distribuição de meu tempo no dia a dia. Vou finalmente conseguir equilibrar, em outro nível, os cuidados com o bem estar físico, o mental, o emocional e o espiritual. A quinta reinvenção pressupõe uma visão de futuro em um nível de aspiração bastante elevado e vai precisar muito desse equilíbrio. A partir desse equilíbrio, pretendo até rejuvenescer nas próximas décadas de vida…

P. Em todas essas décadas de realizações, você deve ter muitas histórias a contar. Histórias de grandes sucessos e também de erros e de não atingimento dos objetivos imaginados. Fatos que marcaram sua vida e geraram muita aprendizagem e evolução. Algumas deles que chegaram a gerar efeitos negativos e até traumas difíceis de superar? Tem arrependimentos? Coisas que faria diferente se pudesse voltar no tempo? Há pendências que você sente que ainda precisa resolver, para se sentir absolutamente livre, leve e solto?

OM. Creio que muitos de nós refletimos sobre esse tipo de questão… Erros cometidos no passado, sucessos e fracassos, o que teria feito de diferente se pudéssemos voltar em uma máquina do tempo… Se essa pergunta me fosse feita três anos depois de ter deixado o banco para criar a Amana, eu teria respondido de um jeito. Foi o momento em que desisti de ter minha própria empresa e fui procurar emprego. Não estava fácil decolar uma start-up (focada em planejamento estratégico) em um mercado dominado por grandes empresas de consultoria, inclusive multinacionais. Desisti e fui procurar emprego. Consegui um cargo de diretor de planejamento de um grande grupo empresarial e estava para assinar o contrato quando chegou à Amana um projeto bastante desafiador: carta branca para salvar uma empresa à beira da falência. Fiquei bastante dividido nesse momento. Até rezei pedindo ajuda. Recebi um sinal inequívoco de que eu não podia desistir. Decidi assumir o desafio de recuperar a empresa que veio pedir ajuda. Consegui segurar a falência e equilibrar os resultados no primeiro ano. No segundo ano, a empresa começou a dar lucro. No terceiro, ela passou a  gerar muito lucro. No quarto, abri o capital da empresa. No quinto ano, ela estava em velocidade de cruzeiro, considerei o projeto concluído e pude deixa-la independente. Cinco anos depois de ter quase desistido da Amana. Nesse momento, eu já não mais via a saída do banco com arrependimento. Muita gente diz: “o passado não se muda”. Claro, o fato que aconteceu não muda. Mas a interpretação do fato muda… Depois de anos, evoluímos, nos transformamos, amadurecemos, ficamos mais sábios. Olhamos para trás e aquele fato do passado já não é o mesmo. Se essa pergunta sobre erros do passado me fosse feita quando estivesse com 40 anos de idade, poderia contar algumas histórias de sucessos e erros. Aos 50, outras ainda diferentes. E assim por diante. Hoje, olho para o passado por uma perspectiva bem diferente. Vejo perfeição em tudo que vivi. Até os erros que cometi foram perfeitos. Causaram guinadas em minha vida que preciso agradecer ao ver a sequência de eventos que decorreram dessas guinadas. Hoje, vejo que tudo que me aconteceu foi importante para que eu chegasse ao ponto que estou. Agradeço ao Universo por tudo. Só tenho a agradecer. Zero arrependimentos e zero mágoas. Ao refletir sobre a quinta reinvenção da Amana em processo agora, vejo que é um momento de “deixar ir” e, ao mesmo tempo, de mergulhar no desconhecido que o futuro está trazendo. E tudo isso feito de forma natural, harmônica, sem forçar. Um verdadeiro surfar nas ondas de transformação. Um jeito muito diferente de como eu agiria 20, 30 anos atrás. Com o tempo, todos nós tendemos a nos tornar mais “biológicos”, de forma natural. Em vez de querer controlar tudo ao nosso redor, tendemos a nos tornar mais parceiros, inclusive da própria Vida…

Hoje, considero que o que o mais difícil está sempre na área de emoções e sentimentos. Está no desafio de “deixar ir”, por exemplo, todas as mágoas que vamos acumulando dentro de nós. Às vezes por anos. Mágoas geradas por brigas com familiares e até amigos. Mágoas geradas por ataques desleais de concorrentes, por roubos de todo tipo, por ações defensivas e até manipulativas de pessoas de seu relacionamento, pessoais e profissionais. E assim por diante. O difícil é deixar essas mágoas irem embora. Não deixar que elas continuem a envenenar a nossa alma, até gerando doenças. Até há pouco tempo, eu estava em trabalhos internos constantes de não guardar mágoas. Jamais levar as coisas para o lado pessoal.  Hoje, busco ver perfeição até nesses episódios que potencialmente podem gerar mágoas. De que modo esses episódios estariam fazendo todas as partes envolvidas evoluírem? De um lado, fazer com que as pessoas que causam eventuais mágoas em outros refletirem sobre o que fazem, ver as consequências disso – inclusive no mal que fazem a si, gerando até efeitos negativos em sua própria autoestima. De outro, a pessoa magoada ver o que o outro faz, um exemplo do que não fazer. Escolher conscientemente nunca fazer algo assim mesmo ao seu pior inimigo (“Inimigo” ou seu semelhante?…). Ver perfeição em tudo. Cada episódio como fonte de evolução. Em tempo real. Para não ficar lucubrando depois (ruminando coisas do tipo “poderia ter dito ou feito isso ou aquilo”). Em suma, para estar em meu melhor estado, tenho procurado desenvolver uma atitude geral de sempre ver perfeição em tudo que acontece. É como penso e ajo hoje. Eu mesmo estou curioso sobre como estarei pensando e agindo daqui a 10 anos…

P. Você é brasileiro, filho de pais que vieram para o Brasil do extremo oriente. Quanto de seu jeito de pensar é estritamente brasileiro e quanto se deve aos seus pais e seus ancestrais?  Essa serenidade que você passa a todos ao seu redor tem a ver com seu lado oriental ou seria algo de evolução interior que todo ser humano deveria buscar?

OM. Agora que vamos internacionalizar nossos programas, venho pensando mais sobre como venho me preparando para esse movimento até antes de nascer. Meus pais vieram do Oriente, de locais diferentes. Meu pai era de origem coreana, naturalizado japonês, daí o meu nome. Minha mãe era japonesa. Os dois migraram para o Brasil, no outro lado do planeta. E se conheceram aqui. Vivi toda a minha infância em São Paulo, num bairro predominantemente italiano. Meus amigos de brincar na rua eram “oriundi”. Não tive muito contato com a comunidade japonesa aqui no país. Aos 16 anos, entro num banco americano, aqui em São Paulo. Depois de formado, fui designado pelo banco a trabalhar em Nova Iorque por um tempo. Voltei ao Brasil e fiz uma carreira executiva em vários setores da organização. – Nesse banco – onde trabalhei durante 12 anos, conheci pessoas do mundo todo, clientes, colegas e amigos. Foi uma experiência muito especial em minha “internacionalização”. Mais tarde, já pela Amana, tive contatos com muitos especialistas mundiais de várias partes do mundo e mantenho relações de amizade com vários deles. Como membro de Conselho Internacional da Carta da Terra e trabalhos junto à UNESCO ampliei mais ainda minha rede internacional. Considerando tudo isso, tenho uma formação multiétnica. Parece que fui preparado pelo Universo para a fase global de meu trabalho, que tem início nesta quinta reinvenção da Amana. E sinto que esta fase de internacionalização de nossos programas está começando numa fase crítica da evolução da humanidade, na qual a sustentabilidade do planeta e da Vida em seu sentido mais amplo está em jogo. E quando falo de sustentabilidade não estou me referindo tão somente à questão ecológica e a mudança climática. A maior ameaça à vida no planeta está em desarmonia/conflitos, perda de valores, a escalada da violência de todo o tipo, inclusive de guerras locais e mais amplas. Temos trabalhado para resgate de uma cultura de paz dentro de cada um de nós e no contexto em que vivemos.  E é isso que queremos levar ao mundo, sempre pela perspectiva de uma gestão, estratégia e liderança mais consciente e mais ética. Sinto que estou preparado para atuar muito à vontade no ambiente global.

Paz interna é algo que consideramos muito relevante no conjunto de qualidades de um líder que consegue fazer muita diferença em tudo em que atua. Serenidade é algo fundamental em liderança, especialmente em tempos como os que vivemos hoje, repleto de grandes desafios. É o famoso “Vzero” que trabalhamos no APG. Velocidade interna zero. É só imaginar líderes de países que, confrontados por fortes conflitos e ameaças de guerra, agem “fora de si” e pioram o que já é difícil. A serenidade que as pessoas percebem em mim vem de um trabalho intenso de autoconhecimento e evolução espiritual. É um trabalho interno que venho desenvolvendo desde os tempos em que desenvolvi meu know how em negociação e mediação de conflitos. Isso muito antes de criar o APG. Muita gente não sabe mas nosso programa de negociação foi, durante muito tempo, o carro chefe da Amana. Isso tudo quer dizer que minha  serenidade foi desenvolvida ao longo de todas essas décadas de investimento em autoconhecimento e contato com seres humanos excepcionais de diferentes partes do mundo? Até há pouco tempo, era como eu pensava. Em anos recentes, tenho acompanhado algumas séries coreanas – aliás muito bem feitas – e vi que há algo da cultura oriental em meu jeito de ser. Que explica parte de meu Vzero…Por outro lado, quanto mais me aprofundo em meu desenvolvimento espiritual, fico imaginando que talvez a minha alma traga um tipo de serenidade que vem sendo desenvolvido por meio de muitas vidas em diferentes partes do mundo. Fico também imaginando o quanto ainda tenho que evoluir na vida que estou e estarei vivendo… 

Special Feature / Destaque

“CONSCIOUS LEADERSHIP AND THE MUCH-NEEDED REINVENTION OF THE ‘MARKET’ CONCEPT.”
(Vídeo: Motomura’s presentation at the World Marketing Summit – eWMS/Kotler)
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“LIDERANÇA CONSCIENTE E A TÃO NECESSÁRIA REINVENÇÃO DO CONCEITO DE ‘MERCADO.”
(Vídeo: Apresentação de Motomura no Summit Mundial de Marketing – eWMS/Kotler)

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DOIS DIAS INTEGRAIS COM OSCAR MOTOMURA NO APG VIRTUAL:
Veja calendário completo aqui

Videos / Vídeos

PRESENTATION OF MOTOMURA AT THE EVENT EXPO MANAGEMENT, IN JOINVILLE, SANTA CATARINA, BRAZIL
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APRESENTAÇÃO DE MOTOMURA NO EVENTO EXPO GESTÃO DE JOINVILLE, SANTA CATARINA, BRASIL

MOTOMURA BEING INTERVIEWED BY TV OF THE SENATE OF BRAZIL, IN THE PANEL OF ECONOMICS
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ENTREVISTA DE MOTOMURA À TV SENADO, EM BRASÍLIA, NO PAINEL DE ECONOMIA

WORKSHOP COORDINATED BY MOTOMURA IN NAGOYA, JAPAN, AT UNESCO WORLD SUMMIT ON EDUCATION FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENTS
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WORKSHOP COORDENADO POR MOTOMURA EM NAGOYA, JAPÃO, NO SUMMIT MUNDIAL DA UNESCO SOBRE EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Contact / Contato

HOW TO GET IN TOUCH:
If you would like to schedule a talk for your organization or enroll for the longer leadership development programs that are offered by Amana-Key, here are some of the ways to contact me:

E-mail: oscar.motomura@amana-key.com.br
Telephone: (+55) 11 4613-2323

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Telefone: (11) 4613-2323